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15/01/2019 | Categoria: Confecções
Para ser um(a) bom modelista
Estas são minhas sugestões para quem estuda modelagem ou pretende estudar. Para ser um bom modelista, não basta fazer um curso de modelagem ou uma faculdade de Moda. Escrevi com base na minha própria experiência aprendendo modelagem.
1. Faça um curso de modelagem. Ter um professor que possa avaliar o seu trabalho e te explicar o fundamental da modelagem é muito importante para começar. Esse professor será sua bússola enquanto não puder se guiar sozinho. Você vai aprender a usar as ferramentas, a tirar medidas, a fazer moldes básicos e interpretações, além de ler ordens de execução de modelagem. O conteúdo que aprender em um curso vai te dar uma boa base sobre o assunto, e ao término dele poderá se aperfeiçoar de acordo com sua necessidade e seus interesses pessoais.
2. Aprenda outros métodos de modelagem. Não fique o resto da vida usando o mesmo sistema de corte sem ter conhecido nenhum outro. Cada método parte de certos princípios e tem uma finalidade um pouquinho diferente. Alguns servem para indústrias e usam medidas padronizadas. Outros favorecem a modelagem individual, e dão mais espaço para medidas individualizadas. Alguns métodos podem ser melhores do que outros, e para você descobrir qual é o melhor no seu caso, só testando. Depois de conhecer uns três ou quatro, você já vai perceber certas semelhanças entre eles, e as diferenças ficarão bem evidentes. Você vai testá-los para conferir que resultados essas diferenças produzem, e com mais experiência e mais tempo, vai acabar montando seu próprio método, combinando o conhecimento que obteve na diversa teoria com o conhecimento prático.
3. Descubra o porquê. Não tome todas as instruções que encontrar em livros de modelagem como regra. Questione o que aprendeu e tente descobrir o porquê daquela informação, de onde veio e se ela realmente é o melhor jeito de fazer aquilo. Teste e ponha à prova o que aprendeu, pois existem muitas maneiras de fazer modelagem, e você pode acabar encontrando um jeito mais fácil, ou mais rápido, ou mais eficaz de fazer o que precisa. Vou dar um exemplo para deixá-los pensando: Que medida usa para a caída de ombro? Ela têm funcionado? Você consegue pensar no que vai acontecer se você usar apenas a metade? E o dobro dessa medida? Consegue pensar em que situações essa medida deve ser alterada?
4. Pratique modelos diferentes. Pense em modelos que te darão trabalho pra fazer, que você precisa quebrar a cabeça, e pratique.
5. Costure protótipos. Costure as modelagens básicas que você fizer, e também as modelagens inovadoras ou complicadas, para testá-las. A finalidade dessa atividade vai muito além de corrigir pequenos erros de modelagem – você vai, com o tempo, compreender o que cada linha do seu traçado vai ser na roupa, e como cada linha vai evolver o corpo. Consequentemente, o seu “faro” de modelista vai se formando, e no futuro, vai fazer modelagens muito mais rápido usando informações conscientes e inconscientes. Vai acertar os protótipos de primeira, vai saber quanto de volume colocar numa prega, vai saber o quanto abrir um decote, etc.
6. Faça modelagens para outras pessoas. O processo de tirar medidas e colocá-las no papel em forma de modelagem também é algo que você deve treinar. O maior aprendizado, ao fazer roupa sob medida, é entender o quanto as pessoas são diferentes do corpo da modelagem industrial, e que tipo de alterações podem ser feitas para modelar esses corpos de forma bonita e confortável. Com a prática, você vai aprender a enxergar no corpo do cliente como o volume se distribui, se as formas são côncavas, convexas ou planas, as diferenças em comprimentos e larguras. Também vai aprender a colocar tudo isso no papel, independente das regras de modelagem industrial. Faça esse estudo mesmo que trabalhe em indústria, afinal de contas, as roupas feitas na indústria também serão usadas por pessoas. Assim você vai entender que tipos de problemas podem ser encontrados por alguém comprando roupa pronta, e como eles podem ser resolvidos. Um outro aspecto importante da relação do cliente com a roupa é observar o movimento do corpo e como a roupa pode dificultá-lo. Nada melhor do que um cliente ou amigo para te dar o feedback de como uma manga veste, por exemplo.
7. Aprenda a costurar. Isso é essencial para ter uma boa comunicação com a costureira, e também para saber como o seu molde será transformado em uma roupa. Muitas vezes, o modelista interpreta um desenho e decide o posicionamento de costuras, tamanho do forro de um bolso, que tipo de costura será feita. Conhecer bem a costura o permite decidir qual será a melhor modelagem, considerando custos, tempo e qualidade de acabamento. Além disso, não deixará faltar nenhum pedaço da margem de costura, e saberá conferir o encaixe do molde com mais precisão.
8. Aprenda tudo o que puder sobre tecidos, e teste muitos deles. O caimento do tecido influencia diretamente na aparência da peça final, e entender como ele se comporta é parte essencial da formação do modelista. Uma peça de roupa pode ser um desastre pela falta de conhecimento do modelista, que erra na folga do modelo, ou na quantidade de volume de numa saia. O tipo de costura escolhida para um modelo também altera muito a aparência da roupa, e cada tipo de tecido exige um tratamento diferente. Você já percebeu como cada tecido se comporta de uma maneira diferente quando cortado no viés? Saiba utilizá-los de maneira a produzir o efeito desejado.
9. Atualize-se. Leia os livros novos sobre sua área. Leia sites ou blogs que têm conteúdo relevante para o seu trabalho. Aprenda algo novo toda semana – mesmo que seja sobre algo antigo. Muitas vezes, em livros velhos encontro a solução para os meus problemas de costura e modelagem.
10. Crie desafios. Procure modelos em revistas e na internet que você acha lindos e intrigantes. Reproduza a modelagem e costure um protótipo. Analise o seu trabalho e, se não ficou bom, descubra o porquê. Tente modelos contemporâneos e também antigos.
11. Exercite a mente. Busque, ao ver imagens de roupas, completar a modelagem na sua mente, esquematizá-la, e montar a roupa na imaginação.
12. Faça moldes cada vez mais limpos, precisos, claros e completos. Todos que trabalharão com você agradecem.
13. Aprenda novas maneiras de fazer um acabamento. Sempre há um jeito de melhorar o que já fazemos, e de surpreender com a inovação.
14. Pesquise. Crie o hábito de pesquisar na internet e em livros. Quando tiver uma dúvida, tente primeiro encontrar a resposta sozinho. Isso te torna mais independente, e também não limita seu conhecimento ao que seus conhecidos já sabem. Pesquise também em lojas, observando como as roupas foram feitas, e que soluções foram encontradas para conseguir o efeito que está buscando.
15. Aprenda inglês. A quantidade de informação disponível em inglês é muito maior do que em português – são muito mais livros, revistas e blogs cheios de respostas às suas perguntas. Há também cursos completos online, e a possibilidade de aprender conhecimentos que já estão praticamente esquecidos por aqui, ou que ainda não chegaram.
16. Seja humilde. Você nunca vai saber tudo, há sempre algo que ainda pode aprender.
Fonte: Renata Perito
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