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22/09/2011 | Categoria: Moda
Moda infantil em alta
A moda infantil está em alta, cada vez mais as marcas tradicionais lançam linhas exclusivas para crianças. E se para as mães já era difícil resistir à tentação de comprar, agora elas têm a desculpa perfeita: deixar os pequenos ainda mais lindos e fofinhos.
Há pouco tempo, as roupas para crianças eram feitas apenas para proteger, agora também são fashion
Um vestido de
Fora do Brasil, enquanto o mercado de luxo ainda se recuperava da crise econômica, grandes marcas se deram conta de que as pequeninas mas encantadoras peças de roupa poderiam ser um negócio promissor.
Grifes como Burberry, Armani e Stella McCartney já atuavam nesse segmento, mas o entusiasmo do mundo da moda pelas roupas de criança ganhou força em
Donatella Versace também ampliou os domínios da marca italiana e lançou, nesse mesmo mês de junho, no Palazzo Corsini, em Florença, a Young Versace. “Somos conhecidos por nossa estética mais rock 'n' roll, que pode ser ousada, mas não necessariamente sexy ou inapropriada”, disse a estilista no lançamento.
Na prática, isso significa vestidinhos de um ombro só para meninas e camisetas com estampas de moicanos mirins para os meninos. Segundo o CEO da marca, Gian Giacomo Ferraris, a expectativa é de que a linha infantil represente 10% das vendas da companhia em cinco anos.
No Brasil e, principalmente na cidade de Gaspar-SC, considerada a capital da moda bebê e infantil, o mercado nesse segmento também está aquecido. De acordo com pesquisas do Instituto de Estudos e Marketing Industrial (IEMI), a produção de vestuário para bebês e crianças cresceu, em número de peças, 55%. E em valores nominais, 98%.
Em 2011, o faturamento desse setor, que hoje representa 24% de toda a produção de vestuário no Brasil, deverá chegar a R$ 22 bilhões com uma produção de 1,7 milhão de peças. “Nesse período, todos os segmentos de roupa cresceram, e cresceram bem, porque houve uma melhor distribuição da renda”, afirma Marcelo Prado, diretor do IEMI. Portanto, no Brasil, o boom da moda infantil tem uma origem diferente de países da Europa e Estados Unidos. Se lá foi a crise que criou um novo mercado, aqui foi a estabilidade econômica.
Desde a década de 1990, com a introdução do Plano Real, há mais dinheiro para fazer compras. E roupa é um gênero de “primeira necessidade”. Segundo Prado, pesquisas de comportamento de compra revelam que 92% das pessoas querem estar bem vestidas. Dessas, 44% são antenadas com moda e gostam de ter o que é novo. Os outros 48% querem sim estar alinhados, mas não se incomodam em usar peças de coleções passadas. Como a roupa tem uma força de identidade visual imensa, a melhora da renda se revela por meio dela e deixa transparecer a ascensão social daquele indivíduo. Mas por que, apesar da diminuição da taxa de fecundidade brasileira, o segmento infantil aumentou tanto? “Porque quando se tem mais renda, você se realiza comprando, inclusive marcas famosas para crianças”, diz Prado. Além disso, as mães estão tendo filhos cada mais velhas, com uma carreira mais segura e um salário maior.
No Brasil, são cerca de 50 milhões de brasileiros de
Um dos pioneiros dessa onda foi Ronaldo Fraga, que em 2001, enquanto esperava seu primeiro filho, Ludovico, cansou-se da mesmice do que encontrava nas lojas especializadas e resolveu brincar de desenhar roupas para o menino. “Eu achava que as roupinhas eram muito contidas em cor e estampas”, conta o estilista. “Sempre acreditei que a roupa infantil tem que conversar com a cultura brasileira, mas naquela época tudo era escrito em inglês!”, lembra. Foi assim, sem pretensões comerciais, que nasceu a Ronaldo Fraga para Filhotes, com um universo gráfico mais afetuoso e referências regionais. Daí os amigos fizeram encomendas, a mídia noticiou e a coisa ficou séria. Hoje, as coleções para crianças de
Mas, para muita gente, a tentação de ver o filho como uma extensão de si é quase natural. Não à toa, logo depois do nascimento, os pais já começam a se enxergar no bebê: nariz da mãe, boca do pai e olhos da vovó.
E os pequenos também se espelham nos mais velhos. Andam pela casa com os sapatos do pai, pegam escondido a maquiagem da mãe. “Mas vesti-los igual aos pais pode encobrir a personalidade da própria criança a partir do momento em que ela se sente na obrigação de ter as mesmas características da mãe”, explica Joana Singer, psicóloga clínica do núcleo Paradigma. Como a individualidade se forma a partir das escolhas, é importante levar em consideração a opinião da criança.
“Sempre acreditei que a roupa infantil tem que conversar com a cultura brasileira” Ronaldo Fraga, estilista
A moda é parte da formação cultural e “veste” cada fase da vida. Nossa imagem passa uma mensagem. Durante a infância, é preciso brincar e transmitir a ideia que, de fato, se é uma criança. Há alguma coisa errada quando a roupa sugere “algo mais” ou não permite que se brinque como poderia. Crianças precisam poder correr, pular e sentar no chão. Pensando assim, a Corello montou uma equipe especializada para lançar, no começo de
Essa experiência com crianças pode ser muito divertida para os pais e, para as marcas, um ótimo negócio. Porém, ela está longe de ser simples e não é garantia de sucesso. Quem investe em “miniaturização” não se sustenta, porque os pequenos crescem e não se submetem ao estilo dos pais para sempre. “A partir do momento que a criança passa a não depender tanto dos adultos, toma mais iniciativa na escolha das roupas e exige o que quer usar”, afirma Diniz Filho, presidente da ABIT. Como diz Ronaldo Fraga, não são as crianças que devem desejar o que os pais têm. Mas sim o contrário. É hora das mães cobiçarem o guardaroupa das filhas! Talvez as peças fiquem um pouco apertadas, mas até nesses casos, o limite é a imaginação. E ser, ou brincar de ser criança, é sempre bom.
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